Londrina tornou-se uma cidade cosmopolita, dinâmica e desenvolvida, com o
olhar voltado para o futuro, mas sem esquecer suas raízes.
Polo regional de comércio, indústria e serviços, a cidade de
Londrina chega aos 90 anos
no dia 10 de dezembro com o mesmo potencial de crescimento e
desenvolvimento que sempre marcou sua história. Cravada no norte do
estado do Paraná, Londrina consolida-se
como principal ponto de referência e de grande
influência regional.
A
origem do município está ligada diretamente ao projeto
de colonização comandado, nos anos 1920 e 1930, pela Companhia de Terras Norte do
Paraná, subsidiária da empresa inglesa Plantations
Limited, de Londres, que enxergou o potencial da região. Durante
o plano de colonização, a Companhia fez a repartição
dos terrenos em lotes relativamente pequenos e concedeu
aos compradores os títulos de propriedade da terra, medida inusitada
para aquela época.
A
previsão inicial indicava uma cidade com 30.000 habitantes. Porém,
o solo roxo e extremamente fértil impulsionou a produção
agrícola abundante,
surgindo oportunidades de enriquecimento rápido para quem estivesse
disposto a trabalhar. A notícia logo se espalhou e a cidade atraiu
migrantes de outros estados e imigrantes de outros países.
OURO VERDE
Com a concentração da produção principalmente
no café, o “Ouro Verde” da época, ocorreu a atração
de capital, junto com a explosão demográfica, a
expansão de núcleos urbanos e o aparecimento de
classes sociais. A presença maciça de imigrantes
contribuiu significativamente para a formação da
identidade local.
“Além do contexto da cafeicultura, o movimento migratório de paulistas e mineiros e o movimento imigratório de indivíduos e famílias de outros países trouxeram muita mão de obra para a região”, explica o professor de história da Universidade Estadual de Londrina, Rogério Ivano.
Londrina recebeu os imigrantes de braços abertos
e a cidade tornou-se o novo lar para milhares
deles. Segundo Rogério Ivano, o documento do
primeiro registro do hotel da Companhia de Terras
revela a identificação de 33 nacionalidades. “Era
um povo que estava circulando pelo mundo,
especialmente os italianos, os ibéricos -
portugueses e espanhóis - alemães, japoneses,
árabes...”
CAPITAL MUNDIAL DO CAFÉ
Em um comparativo com a corrida do ouro,
movimento que levou grandes frentes migratórias
para os Estados Unidos no século XIX, o ciclo
cafeeiro dos anos 1940 e 1950 foi o responsável
pela atração de milhares de pessoas ao norte do
Paraná. Neste período, o dinheiro circulava fácil, de
forma abundante, conduzindo a economia a altos
patamares.
“O café foi tão forte quanto a corrida do ouro dos
Estados Unidos. Mais de dois milhões de pessoas
circularam por aqui atrás do ouro verde”, relembra
Rogério Ivano. Com uma produção espetacular,
Londrina passou a ser conhecida como a Capital
Mundial do Café.
FIM DO CICLO
Como todo ciclo, o café começou a entrar em
declínio em decorrência do envelhecimento das
lavouras, da queda do preço e a concorrência
internacional. Com isso, surgiram novas políticas
agrícolas e a diversificação de culturas ganhou
força.
A geada negra de 1975 foi o golpe fatal para a
cafeicultura de Londrina. Ela dizimou os cafezais e
decretou o fim de uma era. Desiludidos, os
agricultores tiveram que erradicar suas plantações
e começar a investir na diversificação de culturas,
especialmente soja e milho. Surgiu um novo
contexto, onde os trabalhadores rurais se viram
obrigados a trocar a roça pela cidade.
A base econômica do município passou da
monocultura do café para uma produção
diversificada, demonstrando uma alta capacidade
de superação, e confirmando Londrina no cenário
nacional como moderna e progressista. Em 1971
foi criada a Universidade Estadual de Londrina,
fator importante para o desenvolvimento da
cidade, aquecendo o mercado imobiliário e
atraindo estudantes de fora.
REFERÊNCIA
Atualmente com 580 mil habitantes, Londrina é
referência em educação, saúde, cultura e lazer,
preservando a natureza e a vida em comunidade.
Nas últimas décadas, verticalizou-se velozmente
tornando-se a 6ª cidade brasileira em números de
edifícios acima de 12 pavimentos.
Simultaneamente, expande seus horizontes com a
construção de condomínios horizontais.
“Nas últimas cinco décadas, Londrina foi marcada
pelo atrevimento e pela vanguarda. Com os anos,
a cidade tornou-se um centro de negócios, uma
cidade vertical de prestação de serviços. Nos
anos 2000 atraiu empresas de alta tecnologia,
exigindo qualificação para a demanda de
trabalho”, avalia Ivano.
FUTURO
Londrina vive um crescimento pleno, com
destaque para as áreas de ensino, construção civil,
indústria e tecnologia. Ao longo de sua trajetória,
conquistou bons índices de qualidade de vida,
perfil empreendedor e forte potencial de
desenvolvimento econômico. Um ótimo lugar para
viver e criar os filhos.
“É uma cidade vibrante, iluminada, instagramável”,
celebra o professor de história Rogério Ivano.
“Com tradição no agronegócio, tem um grande
potencial para a economia verde e também para
novas experiências, novos valores. São novos
tempos e outras lógicas.”